22 de fevereiro de 2014

Campanha da Fraternidade 2014

  A Campanha da Fraternidade deste ano 2014 vem trazer um tema ao mesmo tempo tão antigo e tão novo. Com este tem: Fraternidade e tráfico humano. A Igreja no Brasil vem atender a um grito que ressoou aos nossos ouvidos há milhares de anos e décadas. Depois de uma re-leitura da história Bíblica, sobretudo os treze capítulos do Gênesis (Gn 37-50), uma reflexão a partir de uma realidade longínqua e sempre atual, quando até os meios de comunicação já a utilizam para temas de seus filmes e novelas, a Igreja resolve através deste instrumento tão importante, que é a Campanha da Fraternidade, chamar a atenção para essa chaga da sociedade que também diz respeito a ela (Igreja) como portadora e anunciadora do ano da graça do Senhor e da libertação dos filhos e filhas de Deus e irmãos em Cristo, que foi enviado e ungido para esse fim (Lc 4, 18-19).
            Fazendo um certo aprofundamento da historia de José do Egito ao longo dos 13 capítulos da Gênesis, percebemos o sofrimento daquele que foi e daqueles que são ainda hoje vendidos  como escravos ou que são obrigados a deixarem sua “terra” e laços em busca de vida. De certo modo, as antigas formas de escravidão e tráfico-humano, não ta diferente das formas do tempo atual. Se existe alguma diferença, é que hoje acontece tudo de maneira mais sutil e “sofisticada” em nome da necessidade e muitas vezes da “legalidade”, quando se refere ao tráfico de órgãos para salvar vidas. Olhar essa questão dentro de uma concepção nas três dimensões: Ético, Teológico e Espiritual, constata-se não apenas pecado, mas um contexto de iniqüidades sem precedentes. Imagine que traficar elementos da natureza criada, quando se trata de pessoas, seres Humanos, imagem e semelhança de Deus (Gn 1, 27), trata-se de verdadeira iniqüidade, que é o pecado contra o próprio Deus.
            Se, para os antigos Judeus, duas dimensões da vida lhe serviam como elementos base (criação e libertação) de sua fé em Javé, para nós, povo cristão, povo da esperança, deve também sê-lo, com o acréscimo de mais uma dimensão (Redenção), que é centro, fundamento e base da vida de filhos e filhas de Deus.
            Nos episódios antigos dessa natureza (escravidão) percebe-se o agir discreto de Deus (Gn 42, 1-47, 26 e Êx 21,16). Deus que se manifesta solidário, através Dops profetas (Am 2, 6-7); Paulo que quer restaurar o relacionamento de Filemon com Onésimo, escravo Fugitivo (Fm 16). Iluminados por essas intervenções de Deus na vida do seu povo, nós os cristãos não podemos perder a esperança (Hb 6, 11), não pode haver medo (Gl 5,1) não deve haver omissão, diante dos fatos constatados e necessidade do anúncio e denúncia, que é missão de Cristo, e da Igreja a favor dos nossos irmãos (Jo 10,10).

            O mesmo Deus, que foi se revelando lentamente na história dos antigos crentes, certamente não nos deixará a mercê dos males hodiernos. Ele, que é o Deus de ontem, de hoje e de sempre!     

Pe. Romildo José Antônio Santos de Sousa

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